terça-feira, 15 de março de 2011

Ciranda

Sua brincadeira predileta era a ciranda. Podia-se reunir o maior número de amigas e girar, girar, girar, até ficar tonta e cair no chão. As cantigas era sempre conhecidas e repetidas várias vezes ao dia, mesmo quando não se estava em roda.
Ricardina ficava triste quando o dia era de chuva e toda a rua ficava debaixo d'água. Dias e dias passava trancafida no próprio quarto, observando o dilúvio que não dava sinal de trégua. As nuvens lá no alto pareciam irremovíveis. Queria ter superpoderes, assim espantaria com um único sopro todas elas, assim como se espanta fumaça. Não, talvez fizesse alguma coisa mais gostosa: se tivesse uma varinha mágica, transformaria tudo em algodão doce. Então comeria tudo sozinha, deixando entre as nuvens um espaço para o sol.
Olhando assim fixamente, as nuvens lhe preciam ovelhas negras. Queria poder tosqueá-las, assim elas não ficariam atrapalhando mais nada.
Porém nenhum desses poderes ela possuía. Era apenas uma criança de imaginação fértil, querendo se divertir um pouco.
E as nuvens continuavam lá no alto, pesadonas, como soldados de um grande exército. Juntando ambas s mãos, a menina começou a rezar, lembrando-se do que os fiéis faziam quando íam à igreja. Se Deus era bom e gostava das crianças, como diziam, iria atendê-la sem demora. Rezou ainda mais, com os olhinhos exageradmente apertados para demonstrar que tinha fé. Quando abriu-os, lá estava entre as nuvens uma grande lacuna transpassada por um raio de sol. Ela caiu em gargalhads, de alegria e de satisfação.  

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