quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O descobridor

Quando nasceu, sua primeira grande descoberta foi o mundo. Tudo queria tocar, tudo queria sentir, como se numa tentativa louca quisesse fazer parte de tudo. A expectativa de algo novo o excitava de tal modo que  era capaz de num momento fazê-lo explodir em garaglhaddas ao observarr um pásssaro ensaiar seu primeiro voo, e noutro abrir-se em choro descontrolado ao ver que imediatamente o pobre passarrinho era devorado por um gavião. O quante não precisava de razão para ser quente. Aprendera a evitá-lo através de experiências, ainda não havia descoberto a secura dos conceitos.
Depois de um tempo descobriu que, embora o mundo fosse grande (quase ilimitado), nem tudo lhe convinha; estava sujeito à lei da gravidade, que fazia com que se esborachasse no chão toda vez que se atirava de alguma janela - e se ultrapasssava seus limites, mamãe lhe dava umas  chineladas. Mal sabia que aos poucos  experimentava o que mais tarde tornaria triste sua vida adulta: regras. Tinha horário para dormir, guardar os brinquedos e em breve também teria horário para voltar da farra.
Porém sua mais maravilhosa descoberta fora o amor. Este não era algo palpável, colorido ou salgado (sequer poderia ser considerado como algo), mas fazia com que sentisse um friozinho na barriga toda vez que se via apaixonado.
Como as outras experiências, sua primeira impressão do amor logo foi desmanchada. Descobriu, enfim, que tudo na vida tinha um custo (principalmente o amor, se este incluía uma família e contas para pagar). Mas estava satisfeito. Em breve os filhos fariam descobertas tão facinantes quantos as suas, e não importava se iam ter decepções; o que importava mesmo era que no fundo de cada gaveta sempre se escondia um pouco de felicidade. 

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