domingo, 23 de janeiro de 2011

A tempestade

Era tarde da noite e chovia torrencialmente quando ela me ligou. A princípio achei que fosse algo urgente. Mas era da chuva que ela tinha medo. As gotas gotejando em seu teto feito metralhadora ameaçavam levá-lo abaixo. Pedi que se tranquilizasse. Não adiantou. Ela queria por que queria que eu fosse até sua casa para dar um jeito naquilo. Eu não estava disposto a lavantar da cama e encarar a noite gélida que me aguardava lá fora. Sem meias-palavras, disse-lhe que não podia. Ela entrou de vez em pânico. Então iria deixá-la morrer sob os escombros do teto de seu quarto?
- Pelo amor de Deus, mulher! Nada vai acontecer.
Mas eu não estava lá para ver. As gotas eram como soldados marchando firmemente - poc, poc, poc.O teto gemia como se dissesse "não posso mais". Uma tragédia iria acontecer se eu não aparecesse logo, iria! No dia seguinte a tv e os jornais impressos estariam repletos com a trágica notícia de sua morte.
Antes disso, porém, a tempestade havia cessado, tão súbita quanto surgira. Ficamos a telefone - eu aqui, aliviado por não precisar abandonar minha cama, ela do outro lado, aliviada de não estar morta.

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