Para Bruna Maira Martins, com amor.
Sua maior paixão eram as borboletas. Borboletas de todos os tipos ela admirava: brancas, pretas, brancas e pretas, azuis, lilazes... Mas negava-se a se tornar colecionadora, repudiando qualquer um que não tivesse escrúpulos o bastante para se apiedar de uma pobre criatura indefesa e poupá-la de uma morte estúpida, indo terminar seus dias espetada num pedaço de isopor. Preferia admirar as borboletas em liberdade, colorindo a natureza. Era quando ficavam mais belas.
Toda a sua vida fora dedicada a cuidar de bobrboletas em apuros. Se passava na rua e avistava num canteiro de jardim alguma borboleta de asas querbradas, tomava-a delicadamente nas mãos e a levava para receber cuidados médicos. Se a pobre criatura não sobrevivia, ela chorava e oferecia-lhe um enterro digno, com direito a velório e tudo o mais. Com frequência convidava amigos para que se fizessem presentes. Sabendo de suas manias, nunca recusavam, mesmo se no momento estivessem ocupados com outras coisas..
Assim, foram aos poucos aprendendo a amar as borboletas. A relação de amor que a amiga tinha com essas criaturas tão delicadas muitas vezes deixava a todos comovidos. Não raro choravam a valer nos enterros, e alguns até recitavam poesias; já outros cantavam acompanhados de instrumentos musicais. Quando a cerimônia tinha fim, despediam-se todos, mas sabendo que em breve outra borboleta seria sepultada.
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