Já passa da meia-noite - e eu aqui, mergulhado no tédio. Procuro algo para me distrair, em vão. As paredes que me cercam também me comprimem e me sufocam. Não sou claustrofóbico, mas tenho medo de morrer feito um rato que não encontrou saída.
Então levanto, fico girando em círculos - girando, girando, girando - até que me sinto enjoado. Entrego os pontos e finalmente me atiro à cama, mesmo insone. A escuridão me enlove maternalmente. A cegueira também é um modo de ver.
Bem ao longe os galos cantam. Eles nunca esperam o dia amanhecer de fato. Antes que os primeiros raios de sol se infiltrem pelas brechas do meu telhado, eles cantam. Talvez tenham sexto-sentido ou talvez uma premonição das coisas que vão acontecer. Eu aqui, mergulhado no breu, jamais compreenderei os mistérios que regem o Universo.
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