Para Carol da Silva, grande amiga, grande pessoa
Uma das coisas mais belas que já me disseram não veio de um filósofo ou de algum pensador que fez história. As palavras que tanto me tocaram o coração e que levarei comigo pelo resto da vida vieram de uma garota. Ela tinha espinhas na cara e ainda não alcançara a maioridade, mas falava como se houvesse vivido milhares de vidas. Não achava que isso fosse possível, pois na época não estava convicto da capacidade que nossa alma tem de reencarnar muitas e muitas vezes, até encontrar seu caminho. Mas hoje eu diria que, em um passado remoto, aquela garota vivera no corpo de algum sábio pensador grego. Nunca parei para reparar nisso, mas ela seria engraçada, usando roupas antigas e barbas e cabelos compridos, sem falar no fato de ser um homem. Mas na Grécia ela não teria tantaa vantagens como mulher. As mulheres, assim como as crianças e os esravos, eram banidos do exclusivo círculo da elite aristocrática. Levando isso para os dias atuais, seria como um trabalhador assalariado querendo levar sua família para um passeio num shopping center.
Nossa amizade aconteceu fácil. Bastou uma simples troca de olhares e um curto período de diálogo para que nos sentíssemos compatíveis um ao outro. Ela viva dizendo coisas como: "Se avida que a gente vive não é nem de longe a que desejávamos, devemos viver ainda assim, mas lutando para torná-la cada vez melhor." Ou ainda: "Lutar pelos nossos sonho é a batalha mais nobre da vida". Coisas desse tipo me deixavam particularmente encantado. Às vezes me achava um bobo, quando comparado a ela. Mas logo ela me fazia sentir especial, com mais palavras que só ela sabia falar. Sentia-me inútil quando todos os assuntos que tínhamos para tratar se esgotavam no decorrer de uma semana. Então ela sorria, gentil, e tocava meu ombro com mão de nuvem. A maneira como então me olhava deixava-me constrangido. Ao notar minha reação, procurava concentrar-se num outro ponto qualquer, que não fosse eu. Depois dirigia-se a mim novamente e dizia: "O silêncio não significa que não tenhamos nada a dizer um ao outro. Talvez a gente tenha tanta coisa a dizer que não precisamos falar nada."
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