sábado, 19 de fevereiro de 2011

O atentado (parte II)

Havia matado um homem. Tudo o que tinha de fazer era ligar para a polícia, mas decidiu obedecer a seus impulsos. Enterrou o corpo em seu prórpio quintal e destruiu todas as provas que pudessem incriminá-lo mais tarde, quando houvesse uma investigação policial. Não foi fácil, o corpo pesava como chumbo; teve dificuldades para enrolá-lo num tapete e carregá-lo nos ombros. Enterrou-o a  dois metros abaixo do solo. Teve ímpetos de cavar um pouco mais, cavar sem parar, o suficiente para ocultar permanetemente seu crime. Porém deteve-se quando sua picareta perfurou o lençol freático, fazendo a parte inferior do buraco encharcar-se de água. Aquilo bastaria. A água ajudaria o corpo a se decompor mais rapidamente. Jogou-o ali sem nenhuma cerimônia (o homem era um completo estranho que invadira sua casa duarante a noite, numa tentativa de assalto; caso não houvesse atirado nele, era sua família que agora poderia estar morta, enterrada num buraco mais digno. Mas era provável que o delegado de polícia não fosse compreender sua atitude. "A arma do homem estava sem balas!" Claro que estava, mas como ele iria saber? Agira instintivamanete, como faria qualquer animal acuado diante de um predador.). Depois voltou ao quarto  e tratou de esconder a arma do crime (a sua arma). O chão ensaguentado ele lavou com alvejante repetidas vezes. A filha perguntou se já não bastava. Não. Era preciso esfregar, esfregar, esfregar. Pediu que a menina ajudassse. A princípio, ela recusou; não queria colocar as mão onde o morto havia caído (tinha pavor a esse tipo de coisa). Mas o pai foi incisivo, ao menos seu berro foi forte o bastante para dobrar a menina. A mãe apareceu logo em seguida, espantada com o urro animalesco; acreditou que a casa houvesse novamente sido invadida; esperou encontrar outra vez o bandido encapusado, apontando uma arma para a cabeça de sua filha e berrando ordens. Mas tudo o que encontrou, ao entrar na cena do crime, fora o marido e a menina empenhados em esfregar o chão. Se que pedissem, ela se equipou de um esfregão e tomou parte do serviço. Caso a polícia descobrisse tudo, ela tembém seria presa, como cúmpluce. Mas nada seria descoberto, nada! O corpo havia sido enterrado para sempre.
Semanas se passaram sem que a polícia fosse bater em sua porta. Nesse curto período, a pequemna família tentou gozar de uma vida normal. Tentou, mas tudo foi inútil. Vez ou outra o episódio voltava num pesadelo ou na mesa de jantar.
- Papai, você acha que aquele moço está no céu?, perguntava a menina quando tudo parecia estar esquecido.
- Não, claro que não , querida, o pai respondia, tentando ser esclarecedor. No céu não há vagas para homens maus.
- Então o senhor não vai para o céu!
O home esngasgava.
- Por que diz isso?
- O senhor matou um homem. Gente que mata não vai pro céu. Foi o que a tia da escola disse.
- E ela está certa, mas eu acredito que Deus não seria tão injusto a ponto de não abrir algumas exceções em casos particulares
.As palavras da filha tiraram-lhe o sono naquela noite. Não queria que a menina pensasse aqueles absurdos a seu respeito. Porém era tarde, tarde para voltar atrás e evitar tudo, tarde demais para se arrepender. Havia matado um homem... e ia para o inferno por causa disso.
Apenas uma coisa poderia lhe redimir; precisava da rum jeito naquilo. Levantou-se no meio da noite, decidido a resolver tudo. A mulher perguntou para onde estava indo. Disse apenas que precisava de ar, seus pensamentos não o deixavam em paz. Em nenhum momento ela suspeitou do que seu marido pretendia, em momento algum foi capaz de imaginar no que aquela inocente escapada resultaria.
De repente, um único estampido estoura no meio da noite. A mulher chora, angustiada e aflita. Seu marido está morto.
  

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