segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A placa amarela

"Cuidado: área de risco!" - dizia a placa amarela, já meio esburacada. Olhei ao redor, apreensivo, esperando que alguma tragédia se desse, caso eu desobedecesse àquele aviso. Podia ser que, ao me arriscar nessa aventura, um piano de cauda misteriosamente despencasse do alto sobre minha cabeça, ou um vagão de trem descarrilhado passasse por cima de mim. Ao ignorar um aviso tão claro, sem saber eu podia estar invadindo algum território inimigo, o que imediatamente desencadearia uma guerra; no meio do fogo cruzado não haveria como escapar à uma bala perdida, que logo seria bala achada em meu peito por algum legista. Sou um cidadão de bem, esse negócio de guerra não é comigo; o que meus filhos pensariam de mim, caso fosse eu o  responsável por uma catástrofe? Mil anos no Purgatório não bastariam para amenizar minha culpa. Deus mesmo não me privilegiaria com pena tão branda. Um homem que faz guerra merece mesmo é o  Inferno - nada de meios-termos.
Nossa vida tem muito dessas placas espalhadas em cada esquina. Seríamos um pouco mais felizes se obedecêssemos a elas com mais regularidade. Mas achamos que uma placa é só uma placa e que é perda de tempo obedecê-la; o importsnte é avançar, sempre, mesmo que mais a frente um abismo nos esteja esperando com sua bocarra faminta.
Diante daquela placa amarela eu hesitei. Não sei o que mais me fez tomar uma atitude assim, se a cor amarela que geralmente anuncia algum alerta, ou se as próprias palavras: "Cuidado: área de risco!" com aquele ponto de exclamação no final. Nunca soube o que me aconteceria, caso ignorasse aqueele aviso -  e jamais saberei. Tomei outro caminho e rumei para casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário